HomeCabine de Imprensa & CríticaSilêncio de Martin Scorsese, complexo e grandioso.

Silêncio de Martin Scorsese, complexo e grandioso.

Silêncio de Martin Scorsese, complexo e grandioso.

Em suas primeiras cenas, vemos uma nevoa que envolve e vai nos revelando o cenário que data do ano de 1633, japoneses e seus “prisioneiros”, que percebemos serem padres jesuítas, todos debilitados e pressionados a negar a sua fé.
Sob o domínio do governador de Nagasaki, vemos o Padre Ferreira (Liam Neeson) um dos prisioneiros e também torturado.
O grupo de padres resiste, alguns negam a sua fé… E outros se tornam mártires.
A fotografia é grandiosa, e nos dá a sensação de estarmos vendo de muito perto.
Ora a câmera nos mostra a cena de cima, que torna espetacular o que vemos.
Toda oração é feita em silêncio, em segredo.
A igreja perde contato com o Padre Cristóvão Ferreira, e seus dois pupilos padres Sebastião Rodrigues (Andrew Garfield) e Francisco Garupe (Adam Driver), saem em missão para obterem alguma notícia.
Crédulos na fé do Padre Ferreira, que jamais renegaria Cristo e sua igreja, sua última carta data de sete anos já passados, nela o jesuíta relata todo o sofrimento e crueldade no Japão.
Os jovens padres viajam para o Japão, guiados por um “personagem” nada confiável e a comunicação entre eles é quase nada.


Eles são guiados pela fé inabalável, pela certeza do encontro com o padre desaparecido e estimado por eles… Tudo é perigoso, professar a fé cristã é sentenciar-se a morte.
Mokichi (Shinya Tsukamoto) o guia, os leva a um povoado, vivem escondidos e no silêncio.
Professam a fé Cristã e ficam esperançosos com a chegada dos jovens padres.
Pois mesmo com a dificuldade de comunicação os jesuítas ministram os sacramentos, batizam, ouvem as confissões.
A cada momento, se torna mais perigoso professar a fé.
Os Budistas junto ao Inoue-sama (Issey Ogata) são impiedosos, querem exterminar qualquer semente Kirishtan do país.
(Andrew Garfield) o Padre Rodrigues, nos mostra que sua fé é real, ele vivencia com piedade, abnegação, credulidade, miséria, sofrimento a perseguição que é desumana e cruel.
Ele vê, seus fiéis serem postos a prova… Cenas que aterrorizam.
Sua interpretação é ímpar, Andrew Garfield, encarnou com maestria o seu Padre Rodrigues.
Junto com (Adam Driver) o padre Francisco Garupe, ambos interpretaram papéis complexos de um tema muito difícil, de uma época inóspita, onde sua fé te colocava como mártir.
Outro personagem que vemos é o guia, seu papel é de grande importância (Shinya Tsukamoto) Mokichi, suas cenas, sua interação, sua história na trama, figura “crente” e silenciosa em sua fé.

(Shinya Tsukamoto) Mokichi

Ponto interessante são os diálogos de Padre Rodrigues com Inoue-sama, vemos metáforas, até certa gentileza e simpatia por parte do algoz.
Tadanobu Asano (intérprete para os padres) tenta conquistar a confiança deRodrigues, mostra-lhe como o Japão não “precisa” dessa nova crença… Seu personagem é gentil, mas seguro do que quer: A apostasia dos padres, o triunfo de sua fé.
Padre Ferreira (Liam Neeson), pode nos confundir!
Um padre jesuíta que jamais negaria a sua fé, exemplo para os jovens jesuítas, a quem eles Rodrigues e Garupe confiam “cegamente”.

(Liam Neeson), padre Cristovão Ferreira.

Considerações:
Silêncio vem com um grande elenco, e Liam Neeson é a cereja do bolo, mas o protagonista da trama é Andrew Garfield (Padre Rodrigues), certamente o jovem ator, conquistou definitivamente um grande público, tendo ele feito “O Homem Aranha” e nessa trama se descontrói, se doa…Um grande papel, de uma responsabilidade ímpar.
Martin Scorsese realiza o sonho de anos e acerta!
O filme é longo, e a história é “pesada”, nela vemos: Perseguições, mártires e crueldades…
Vale conferir!

Nota:8,5

Crítica por Sanny Soares/ Cabine de Imprensa, Rio de Janeiro


Estreia 09 de março


Titulo: Silêncio/ Silence

Elenco: Liam Neeson, Andrew Garfield, Tadanobu Asano, Adam Driver, Ciarán Hinds.
Ficha técnica:
Diretor: Martin Scorsese
Roteirista: Jay Cocks
Produção: Randall Emmett
Diretor de Fotografia: Lukasz Jogalla
Diretor de Arte: Wen-Ying Huang
Produtor Executivo: Brandt Andersen, Michael Barnes, Paul Breuls, Wayne Marc Godfrey, Nicholas Kazan, Gianni Nunnari, Chad A. Verdi, Michelle Verdi Editor: Thelma Schoonmaker.

O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Fotografia, na 89ª Cerimônia de Prêmios da Academia, em 2017.

“Silêncio” desencadeou uma ampla polêmica no Japão, após sua publicação em 1966, e é considerado o romance mais importante de Endo.


Foto de capa: Martin Scorsese e Andrew Garfield/ Silêncio, Imagem Filmes

Sanny SoaresSanny Soares é editora chefe e fundadora do Cidade da Mídia, fotógrafa, artista plástica e crítica de cinema.
Foi colunista da Revista Canal e do jornal O Campista.
Como fotógrafa é membro do renomado site Olhares e Fine Art Portugal.
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Natural de Brasília, carioca de coração. Artista Plástica, desenhista, poetisa e fotógrafa. Começou cedo nas artes, fazendo caricaturas dos amigos ainda no Colegial, fez desenho livre no Oberg Cursos de Desenho e seus quadros seguem o realismo, tendo como mestres Edward Hopper, Gustave Caillebotte e Amadeo Modigliani. Em sua estante tem biografias como de Walt Disney, Victor Hugo e Tony Blair entre outros que fizeram história. Na fotografia desde 2005, fez revelação de fotos em laboratório, época da fotografia Analógica, se rendeu a era digital tendo fotos publicadas em sítios de fotógrafos como o site Olhares e o Fine Art, ambos tendo autores portugueses em sua maioria e participou de muitos Workshops desde então, sendo um deles ministrado pelo grande fotógrafo português Manuel Madeira. Como boa pisciana, arrisca algumas poesias, tendo algumas publicadas no site “Pensador”. Fez exposições de seus quadros em 2014. Se define como amante das artes e dispara que nada sabe, o aprender acontece todos os dias. Colaboradora de vários sites de mídias, com trabalhos publicados em muitos lugares de destaque.

sanny@cidadedamidia.com.br

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